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7 indicadores macroeconômicos que todo empreendedor precisa ficar de olho

11/03/2025

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Antes de mais nada, vamos entender o que significa macroeconomia. A ciência econômica divide-se em dois grandes campos, a microeconomia e a macroeconomia. “Enquanto a primeira estuda a tomada de decisão no âmbito individual – de consumidores, investidores, empresários –, a segunda estuda os efeitos dessas mesmas decisões em um contexto mais amplo e como eles se expressam em indicadores gerais de atividade econômica (PIB), preços (inflação), comércio exterior (balança comercial) etc. Esses indicadores genéricos são chamados de “agregados macroeconômicos”, explica Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.

Ou seja, a macroeconomia busca entender a economia em larga escala, sendo útil para compreender a economia do país como um todo. “Isso é interessante sob vários aspectos, como quando o Estado precisa formular suas políticas públicas, por exemplo”, diz Rodolfo Olivo, professor de Finanças e Economia da FIA Business School.

Ela também ajuda outros tomadores de decisão, como os empreendedores, a ter uma ideia geral do desempenho da economia para decidir rumos para o seu negócio: “Por exemplo, se a inflação nos últimos 12 meses acumulou alta de 4,5% e um empreendedor elevou seus preços em apenas 2%, seus clientes podem ter a impressão de que o produto ou serviço está relativamente mais barato ou pelo menos um pouco menos caro que a média. Por outro lado, se o PIB está crescendo mais devagar e o desemprego aumentando, isso significa que, no geral, o ambiente de negócios não está muito favorável e um desempenho fraco não deve ser necessariamente atribuído a uma eventual má gestão por parte do empresário”, avalia o professor Gonçalves.

É por meio de estudos sobre os indicadores macroeconômicos que se chega a conclusões como a publicada no mais recente Boletim Macro FGV IBRE (unidade da Fundação Getulio Vargas que pesquisa, analisa, produz e dissemina estatísticas macroeconômicas), por Silvia Matos e Armando Castelar Pinheiro. Ele dá conta de que o crescimento econômico pujante foi a marca de 2024 e, neste ano, há uma desaceleração à vista – em razão de diversos indicadores, como alta da taxa de juros, que afeta setores mais dependentes de crédito e que, consequentemente, pode levar a um PIB menor.

Só nessa avaliação e no exemplo dado por Gonçalves, nos deparamos com alguns exemplos de macroindicadores econômicos, como taxa de juros, PIB e inflação. A seguir, entenda um pouco mais sobre eles e outros que podem interferir no dia a dia de todo empreendedor, segundo os especialistas Robson Gonçalves, da FGV, e Rodolfo Olivo, da FIA Business School.

1. PIB
O que é: soma de toda a renda gerada por meio de bens e serviços produzidos no país em um determinado período de tempo (geralmente, um ano).

Por que o empreendedor precisa ficar atento: “Em geral, toda análise macroeconômica começa por esse indicador. A partir do resultado do PIB, que reflete o desempenho médio da economia, deve se detalhar o que ocorre com grandes setores (serviços, indústria e agropecuária); subsetores (serviços prestados às famílias, indústria de transformação, produção animal etc); e regiões específicas”, diz Gonçalves. Esse tipo de análise, de cima para baixo, contribui para uma visão comparativa do desempenho de cada setor, região e negócio específico. “O crescimento do PIB, normalmente, indica uma melhora na renda e na capacidade de consumo e de investimento, o que favorece o empreendedorismo”, avalia Olivo.

2. Inflação
O que é: trata-se da alta geral de preços. Pode ser medida de várias formas, por isso existem diversos índices ao consumidor (varejo), que mensuram esse aumento sentido pelas famílias. Gonçalves lista os principais:

IPC – Índice de Preços ao Consumidor da FGV: segue padrões internacionais e baseia-se nos hábitos de consumo das famílias com renda total de até 33 salários-mínimos. A coleta é feita nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.
IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo do IBGE. É o parâmetro para o regime de metas de inflação (veja mais abaixo o que são elas). Baseado nos hábitos de consumo das famílias com renda total de até 40 salários-mínimos. A coleta de dados é realizada nas mesmas regiões do IPC da FGV, mais Belém, Fortaleza, Curitiba, Goiânia e Campo Grande.
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor do IBGE. É considerado o índice de inflação das famílias de baixa renda, com renda total de, no máximo, cinco salários-mínimos. A pesquisa é feita na mesma área de abrangência do IPCA.
IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado da FGV. É um índice composto, 60% de IPA, Índice de Preços ao Produtor Amplo (atacado); 30% de IPC, Índice de Preços ao Consumidor; e 10% de INCC, Índice Nacional de Custos de Construção. É um indicador de inflação patrocinado pelo setor privado e, por isso, isento de influência por parte dos Governos. Costuma ser conhecido até o dia 29 de cada mês. Os índices anteriores são divulgados até o dia 10 do mês seguinte.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: cada indicador “conta uma história”. O dono de um negócio voltado para famílias de baixa renda em Goiânia, por exemplo, deve acompanhar os resultados do INPC para essa região. Ao mesmo tempo, um empresário cujo contrato de aluguel do ponto comercial é reajustado pelo IGP-M pode ser surpreendido por uma forte alta do índice causada pela elevação dos preços no atacado (IPA), o que não tem relação direta com o seu negócio, mas afeta seus custos por conta do contrato de locação.

3. Metas de inflação
O que é: um método de controle da inflação conduzido pelo Banco Central. “Atualmente, a meta é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5% ao ano, para mais ou para menos. Ou seja, a meta a ser perseguida é de, no máximo, 4,5% ao ano”, informa Rodolfo Olivo. “Dada uma meta para o IPCA acumulado em 12 meses, definida pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco Central deve alterar a taxa básica de juros (Selic) sempre que ele subir. E pode reduzir a taxa de juros sempre que a inflação estiver caindo”, explica Gonçalves.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: quando a inflação ameaça desviar da meta, o Banco Central eleva os juros, deixando o crédito mais caro. Isso reduz o consumo e prejudica os negócios.

4. Consumo e desemprego
O que é: o termo “consumo” se refere aos gastos das famílias com alimentação, educação, transporte, despesas domésticas, com saúde, lazer etc. A evolução do consumo depende dos níveis de renda que, por sua vez, dependem dos níveis de emprego. Quando o desemprego cresce, a renda das famílias cai o que, logicamente, impacta o consumo.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: para aqueles que atuam no segmento B2C (business to consumer, ou seja, varejo), os níveis de demanda estão diretamente ligados à renda das famílias, portanto, com a oscilação entre emprego e desemprego. No segmento B2B (business to business, ou seja, de negócio para negócio), os impactos são indiretos, porque dependem do ramo de atuação específico das empresas-clientes.


5. Taxa de juros Selic
O que é: uma taxa que o Governo Federal paga para os seus títulos públicos. “Funciona como um piso dos juros na economia”, define Olivo. A Selic é definida pelo Banco Central em uma reunião da diretoria, o Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorre a cada 45 dias.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: a Selic impacta todas as demais taxas de juros na economia. Quando ela sobe, o custo do crédito aumenta e a renda e o consumo diminuem.

6. Câmbio
O que é: preço de compra e venda de uma unidade de moeda estrangeira. A cotação de fechamento de cada dia também é conhecida como PTAX. “Quando se diz que o dólar está cotado a R$ 5,76 para compra e R$ 5,79 para venda, significa que o sistema financeiro paga R$ 5,76 quando compra dólares e cobra R$ 5,79 quando vende”, explica Robson Gonçalves. Como todo preço, essa taxa é determinada por oferta e demanda.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: o câmbio afeta os custos da grande maioria dos produtos, pois muitas matérias-primas e vários produtos industrializados são importados. Por outro lado, pode favorecer a exportação, criando oportunidades de novos mercados e novos modelos de negócios. Se o dólar sobe, seria melhor que os produtores vendessem seus produtos no exterior. Para continuar vendendo no mercado interno, os preços no país devem ser equivalentes aos do mercado externo.

7. Dívida pública
O que é: sempre que o setor público gasta mais do que arrecada (déficit público) precisa tomar empréstimo para fechar suas contas – isso se torna uma dívida pública. Para isso, emite títulos públicos, o equivalente, para o setor público, a notas promissórias para pessoas físicas. Ele paga juros (em geral, Selic) para cobrir esse déficit.

Por que o empreendedor precisa ficar atento: o crescimento exagerado da dívida pública, em geral provocado por um déficit público fora de controle, leva o mercado a exigir juros mais altos para financiar a dívida, podendo conduzir o país à recessão e à diminuição de investimentos, o que é ruim para o empreendedor.


Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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